Espaço Experimental do início de maio – linha maleável

4.5.2018

Uma constância de adentrar, mas não de todo — sempre na urgência de se manifestar, mas nunca sair por aí. Sobre este fato não poderemos dizer que vire notícia. Não há uma localização no exato.

Vive na linha pontilhada da ação performativa maleável. Lugar entre o silêncio e a fala enquanto um livro, Os Cantores de Leitura, nos olha sobre a mesa. A bailarina Susana Salazar talvez seja livro.

Momento de quase se fechar, quase terminar, como música. Para onde vai a música quando ela toca? Algo então subitamente é retomado, o silêncio. Emerge das vias de desfazer-se, mas não como um renascimento. É a própria Susana-música que traz um espaço baço na sua duração e de repente respira nova, sendo a mesma.

Susana Salazar no estúdio do c.e.m

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Desenrolar uma linha cheia de contas, a projetar fotogramas invisíveis. Por longas horas alinhar miçangas, para um dia desenrolá-las num espaço em branco, assim, sem avisar. Uma galáxia. Cada ponto brilha e some e a coisa vai tomando conta como um alagamento. As poças que se formam são uma cartografia. O mapa respirante de quem ata cada miçanga deixada pelos mortos, uma por uma. Com Ana Correa chegamos para habitar o mapa que deixa de ser traçado, vira lugar.

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Este que escreve dançou a pergunta Pode o olhar deslizar foto? Nas mãos trêmulas que descrevem o gesto de partilhar um álbum de fotos e de dançá-lo, seguimos no horizonte de poder respirar com quem chega. Enquanto isso, levanta-se uma perna. Os olhos desenharão linhas membranosas, pontilhados que entregam espaço de passar. O que requer uma prática incansável, claro e apaixonado está.

 

fotos e txt bernardo rb

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